Milho, uma nova história de sucesso no agronegócio brasileiro

Milho, uma nova história de sucesso no agronegócio brasileiro

 

Na agricultura brasileira, soja e milho compõem um dos maiores sistemas de produção da agricultura tropical no mundo, com a soja cultivada na primavera/verão e o milho no outono/inverno (safrinha), duas safras/ano sem irrigação. O milho safra, cuja área cultivada era de cerca de 12.3 milhões de hectares (Mha) na média da década de 1980, na safra atual (2018/19) caiu para 5.0 Mha, ao tempo que, no mesmo período, o milho safrinha passou de 360 mil hectares, para os atuais 13 Mha. Da mesma forma, a produção do milho safra oscilou de 22 milhões de toneladas (Mt), na média dos anos 80, para as atuais 26 Mt e a produção do milho safrinha evoluiu de 0,4 Mt para esperados 75,7 Mt.

 

Milho Verde

 

No Brasil, o milho liderou a área cultivada com lavouras anuais até 1998, quando a soja ocupou a primeira posição. Atualmente, a área cultivada com soja é o dobro da do milho: 36 Mha para a soja, ante 18 Mha para o milho. Dada a diferença de áreas utilizadas com ambas as culturas, parece pouco provável que a área do cereal venha superar novamente a da oleaginosa, no curto e médio prazos.

Entre 1990 e 2018, a produtividade do milho aumentou em 203% no Brasil (1.881 kg/ha em 1990 vs. 5.700 kg/ha em 2018/19), enquanto o aumento de produtividade na soja foi de 90% (1.740 kg/ha em 1990 vs. 3.300 kg/ha em 2018). No entanto, a produtividade média do milho brasileiro é ainda muito baixa quando comparada com a norte-americana, que foi de 10.610 kg/ha em 2018. Mesmo assim melhorou muito, se considerarmos que a produtividade média do cereal não passava dos 3.000 kg/ha, nos anos 90; quase dobrou de tamanho desde então.

Para a safra 2018/19, a expectativa brasileira é de uma produção de milho superior a 101 Mt, ante apenas 52 Mt em 2007/08; um salto de 94% em apenas uma década. Com o expressivo aumento da produção, o Brasil passou a ser, também, grande exportador do cereal, assumindo a vice liderança global, depois dos EUA. A expectativa dos analistas de mercado é que o Brasil se fixará como 2º exportador mundial do grão, comercializando cerca de 30 Mt anuais no mercado externo.

Na última temporada (2017/18), as exportações brasileiras de milho somaram 25 Mt, mas já chegaram a 36 Mt na temporada 2015/16, e sinalizam com a possibilidade de exportação de 35 Mt em 2019 (USDA), consequência da excelente safra atual brasileira e da menor safra norte-americana. Dado o excesso de chuvas na principal região produtora, o USDA estima que cerca de 3.0 Mha previstos para plantio do cereal deixarão de ser semeados e na área semeada, estima redução de 6% na produtividade, resultando em queda nas exportações de 58 Mt para 55 Mt.

As datas para plantio e requisição de seguro estão encerradas nos EUA e o relatório do USDA mostrou o milho com apenas 67% da área plantada no final de maio, contra 96% na média dos cinco anos anteriores. Este fato fez o preço do cereal disparar na Bolsa de Chicago, encarecendo o produto americano, o que levou alguns importadores a buscarem milho mais barato em outros mercados, o Brasil entre eles.

Poucos países, se é que existe algum, não cultivam o milho para alimentação humana e/ou animal. É o único cereal nativo das Américas, tendo o México como seu centro de origem. A partir de sua forma ancestral (teosinto), o milho teve sua domesticação iniciada há cerca de 9.000 anos.  Do México, o milho se espalhou pelo resto do mundo a partir de 1.500 d.C. – era das grandes navegações.

Pesquisas recentes recontam a história evolutiva do milho e dão conta de sua chegada à América do Sul por volta de 6.500 anos atrás, onde sua domesticação passou por contínua seleção por indígenas amazônicos, com adaptação do cereal aos campos de cultivo locais visando seu uso como um importante alimento calórico.

O agronegócio brasileiro continua surpreendendo. A soja foi a primeira lavoura a desenhar uma trajetória de sucesso, seguida na última década pelo milho e não será surpresa se nos anos vindouros o algodão nos surpreender com desempenho semelhante.

Fonte: https://www.folhadelondrina.com.br/colunistas/amelio-dalagnol/milho

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12 de agosto de 2019
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