Executivos financeiros sob pressão

Revista HSM | nov 2018 | estratégia e execução
Da contabilidade à responsabilidade pelo negócio; são cada vez maiores as expectativas em relação ao CFO de hoje | por Osvaldo Meneghel
Hoje, espera-se que os CFOs façam muito mais do que o processamento de números. Eles agora são um parceiro estratégico para o CEO que contribui e fornece orientação sobre inovação e eficiência da empresa. Espera-se que eles transformem os encargos regulatórios em uma vantagem competitiva e forneçam orientações estratégicas em áreas como o crescimento.

Em recente pesquisa com CFOs realizada pela empresa de serviços profissionais EY, quase 70% disseram que estavam gastando mais tempo fornecendo análises e insights para apoiar líderes seniores e tomadores de decisão do que há cinco anos. O papel dos CFOs de hoje não é mais simplesmente operacional – o que mantém o resto do negócio acordado à noite também os mantém acordados.

Devido à mudança do papel do CFO – ele passou de um contador tradicional para um consultor de negócios estratégico –, há mais pressão do que nunca por parte de uma ampla gama de fontes. Suportar a pressão e responder a ela é algo que os CFOs devem encarar como parte do seu novo papel cotidiano.

A MAIOR RUPTURA
O que está causando atualmente a maior ruptura? Fatores como incerteza econômica externa e aumento da regulamentação? Desafios internos sobre responsabilidade e propriedade de dados? As demandas de clientes? Ou atrair e reter os maiores talentos financeiros? Ou tudo isso junto soa familiar?

Incerteza econômica
O estado atual da política global e a consequente incerteza econômica fazem com que os CFOs sejam vistos como responsáveis por ajudar seus negócios a superar alguns obstáculos importantes. Enfrentar tais desafios pode ser uma tarefa e tanto e não há uma solução fácil. No entanto, existem maneiras de compensar o impacto.

Estar à frente das mudanças é uma maneira de mitigar a ruptura. Por exemplo, em vez de ser pessimista sobre como as possíveis mudanças afetarão seus negócios, os CFOs devem lembrar que a ruptura geralmente vem de mãos dadas com as oportunidades. Os negócios que podem se posicionar e se preparar efetivamente para essas mudanças ganharão uma vantagem competitiva.

Desafios internos
Com uma ênfase constante em compliance, pode ser difícil para o CFO não ser visto como a voz negativa na mesa quando o conselho de administração deseja implementar uma estratégia que possa ser vista como arriscada ou de natureza nova.

A colaboração é chave. Quando uma nova estratégia de TI que impacta múltiplos departamentos está sendo proposta, uma equipe formada por CFOs e CTOs deve trabalhar em conjunto desde o início para avaliar os benefícios e riscos. Uma vez assinado pelo conselho, essa abordagem colaborativa fará com que seja mais fácil desenvolver uma estratégia para engajar os colegas de forma adequada. O engajamento efetivo de colegas promoverá a compreensão de por que a mudança é necessária e do papel que eles podem desempenhar para tornar a estratégia um sucesso. O envolvimento dos colegas também garantirá que a adoção de novos sistemas em toda a empresa funcione conforme o planejado.

Demandas de clientes
Assim como a incerteza econômica, as demandas futuras de clientes, bem como as dos funcionários, podem ser difíceis de prever, particularmente com o ritmo no qual o mundo e a inovação se movem. Para permanecer relevante, os CFOs devem ser capazes de fornecer informações sobre tendências futuras, bem como posicionar a empresa para aproveitar ao máximo as oportunidades e evitar as armadilhas.

Para muitas empresas, uma ótima maneira de fazer isso é observando padrões em atividades anteriores de clientes e de mercado e usando esse entendimento para planejar o futuro. Por exemplo, a análise preditiva, que usa inteligência artificial, pode ser como uma bola de cristal na saúde futura de uma empresa. Pode dar ao CFO o escopo para superar qualquer desafio potencial, como questões de pessoal ou a necessidade de investir em mais infraestrutura ou de entrar em novos mercados.

Talentos
À medida que o cenário de negócios continua evoluindo, aumentam também os desafios com os quais os CFOs terão que lidar. As demandas por tempo e atenção dos CFOs também aumentarão com responsabilidades que vão além do departamento financeiro. Ter capacidade dentro da equipe que permita que eles deleguem responsabilidades para o restante de seu time será crucial.

Com a equipe certa e o suporte adequado, os CFOs podem transferir tarefas para outros membros da equipe com as habilidades certas, o que os libera para se concentrar em fornecer orientação e liderança. Com isso em mente, os CFOs não devem apenas investir no desenvolvimento de suas equipes, mas também devem adotar uma abordagem inovadora para o recrutamento. Empregar e equipar os membros da equipe com as habilidades e atitudes necessárias agora e no futuro previsível pode ser uma maneira eficaz de agregar valor ao negócio de forma ampla.

ENTENDENDO O IMPACTO
Para que os CFOs sejam eficazes e agreguem valor real no cenário empresarial atual, eles precisarão entender o impacto de seu papel em outras funções da empresa e ser proativos sobre como podem usar sua experiência e seu conjunto de habilidades para apoiar as metas de outras pessoas, olhando para além das pressões tradicionalmente associadas à sua função para entender como seria o cenário do futuro.

Ao adotar a abordagem correta para a estruturação da equipe e investir tempo para entender os clientes e o comportamento do mercado, o CFO poderá se posicionar como um influenciador valioso hoje e nos próximos anos.

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Com mais de 20 anos de experiência profissional em empresas de tecnologia, Osvaldo Meneghel é responsável pelas gerências de portfólio e marketing de produto da Sage América Latina. Anteriormente, o executivo atuou como diretor de vendas na Apple e de portfólio de produto para a América Latina na Motorola. Meneghel é formado em engenharia da computação pela PUC-Campinas, com especialização em estratégia pela Cornell University, e escreveu este artigo com exclusividade para o site HSM Publishing.

Fonte: http://www.revistahsm.com.br/estrategia-e-execucao/11210/

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3 de dezembro de 2018
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