Covid impulsiona uso de serviços on-line no Brasil

Covid impulsiona uso de serviços on-line no Brasil

 

Cresce o número de usuários da classe C e D que utilizam serviços on-line como compras e streaming

Estudo sobre o papel da Internet durante o surto da Covid-19 mostra que brasileiros de baixa renda estão usando mais a Internet para compras e serviços financeiros.

O comércio eletrônico e as atividades culturais on-line apresentaram alta após as medidas de isolamento social no Brasil. Desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Redes (NIC.br), o documento afirma que 66% dos usuários de Internet afirmam fazer compras de produtos ou serviços on-line, proporção que era de 44% para a mesma população em 2018. Crescimento é maior entre as classes C e D.

De acordo com o “Painel TIC COVID-19”, estudo realizado pelo Cetic.br, o acesso à internet em dispositivos atingiu margem histórica este ano. As medidas de isolamento social em todo o país, levaram ao pico de 13,5 terabits por segundo – “evidência de que o tráfego da rede atingiu um volume inédito no país”, diz o relatório.

“Em um cenário em que atividades relacionadas ao trabalho, o ensino e mesmo o acesso a programas sociais emergenciais passaram a dar-se de maneira predominantemente remota, é fundamental medir os hábitos dos usuários de Internet e compreender como o novo cenário tem modificado a relação desses indivíduos com a rede”, analisa Alexandre Barbosa, Gerente do Cetic.br.

O levantamento estima os hábitos on-line para um universo de cerca de 100 milhões de usuários de Internet a partir de 16 anos de idade. Foram realizadas entrevistas pela web e por telefone, entre os dias 23 de junho e 8 de julho de 2020.

Serviços

Segundo o relatório, o acesso à Internet durante o surto da pandemia empurrou o crescimento do número de pessoas da Classe C e D (classe média baixa e pobres da classe trabalhadora, respectivamente) que fazem compras on-line.

A Classe C aumentou o consumo no comércio eletrônico on-line de 37% para 64%, enquanto o percentual passou de 18% para 44% entre os usuários das classes D e E (extremamente pobres). Por outro lado, as compras on-line entre os brasileiros mais ricos passaram de 63% para 83%.

O percentual de usuários de Internet que utilizaram serviços de entrega de alimentos triplicou, comparado com o resultado registrado há dois anos, e passou de 15% para 44% durante a pandemia.

 “O comércio eletrônico foi fundamental nesse momento de distanciamento social. Os dados do Painel TIC COVID-19 confirmam a tendência de avanço das transações econômicas pela Internet, acelerando um movimento que já vinha ocorrendo entre os consumidores e as empresas ao longo dos últimos anos”, analisa Barbosa.

O consumo de músicas e vídeos on-line também se ampliou durante a quarentena, sobretudo nas classes mais altas. Já o pagamento por serviços de streaming de filmes e séries cresceu principalmente nas classes mais baixas, de 29% para 41% entre a Classe C, e de 11% para 32% entre as classes D e E. Os serviços de música tiveram maior adesão entre as classes mais altas.

Apesar do crescimento, as plataformas que disponibilizam conteúdos sob demanda ainda não são acessíveis para a maioria dos usuários de Internet no Brasil, tendo adesão de 43% deles no caso de filmes e séries e 16% no caso de músicas.

Entre os destaques para outras atividades realizadas na rede, há um aumento expressivo na utilização de serviços públicos e financeiros pela Internet durante a pandemia, com avanço maior nas classes C e DE e entre os usuários de Internet com menor escolaridade.

Apesar do aumento verificado, esses grupos ainda fazem uso de serviços financeiros e de governo eletrônico em menores proporções que os usuários de Internet das classes AB e os com maior escolaridade.

A digitalização no Brasil, acelerada pela Covid-19, mudou as formas de fazer negócio no Brasil. O relatório mostra um aumento da comunicação direta entre empresas e consumidores, via aplicativos de mensagens instantâneas para mediar a compra de produtos ou serviços, que passou de 26%, em 2018, para 46% na quarentena.

A pesquisa também registrou um aumento das atividades e pesquisas escolares pela Internet, reflexo da suspensão das aulas presenciais.

Fora do ambiente escolar, notou-se uma ampliação da realização de cursos on-line e de estudo por conta própria na Internet, sobretudo entre os usuários com menor escolaridade e das classes C e D/E. Essas atividades, no entanto, ainda são oportunidades aproveitadas em maior proporção pelos usuários com maior escolaridade e das classes AB.

O progresso se dá à medida que um cenário de emergência cresce no Brasil. Porém, a exclusão digital e uma realidade para mais de 20 milhões de residências brasileiras.

 

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24 de agosto de 2020
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