Agro 4.0 traz soluções para os gargalos agrícolas

Agro 4.0 traz soluções para os gargalos agrícolas

 

A Agricultura 4.0, assim como a Indústria 4.0 ou digital, tem sido muito falada e visa empregar tecnologias da informação e da comunicação, métodos computacionais de alto desempenho, rede de sensores, comunicação para máquina (M2M), conectividade entre dispositivos móveis, computação em nuvem. Além de soluções analíticas para processar grandes volumes de dados e construir sistemas de suporte à tomada de decisões de planejamento e manejo em toda cadeia de valor da agricultura.

Mas será que o país já está inserido nesse contexto? O CANAVIAL (publicação da SIAMIG) conversou com a chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, Silvia Maria Massruhá, que disse sim, afirmando que as novas tecnologias poderão contribuir para solucionar gargalos que se apresentam como a escassez de água e o desperdício na agricultura.

 

Tecnologia no Campo

 

CANAVIAL- O Brasil já está inserido Agricultura 4.0?

Silvia Massruhá – Sim. O Brasil já está se inserindo neste contexto e é importante ressaltar que estamos definindo Agricultura 4.0 (Agro 4.0) como agricultura digital ou uma produção cada vez mais baseada em tecnologia de ponta, conteúdo digital e conectada. Essa definição é uma referência à Indústria 4.0, inovação que teve início na indústria automobilística alemã e que agora conquista fábricas de diversos segmentos devido à completa automatização proporcionada aos processos produtivos.

CANAVIAL – Tem algum setor que se destaca?

Sílvia Massruhá – Existem alguns setores como os de grãos, carne, cana-de-açúcar e fruticultura que já têm uma maior tradição no emprego de novas tecnologias e uso da agricultura de precisão. A agricultura digital será capaz de conectar informações e dados de modo a ampliar os benefícios de todas as outras tecnologias já existentes, e que as estão por vir. Mais que isso, a próxima evolução da tecnologia da informação, a Internet das Coisas, redefine a maneira como interagimos com o mundo físico e viabiliza formas mediadas por computação – até então impossíveis – de produzir, fazer negócios, gerenciar infraestrutura pública, prover segurança e organizar a vida das pessoas.

 CANAVIAL – Quais impactos a agricultura 4.0 traz para o campo?

Silvia Massruhá – Estima-se que 95% do aumento da produção mundial de alimentos daqui em diante terão que vir de ganhos de produtividade. Tecnologias que auxiliem o agricultor a fazer mais com menos, de modo mais eficiente, rápido e com menor custo serão cada vez mais necessárias. Espera-se que com sistemas avançados de monitoramento, rastreabilidade e controle, se possa mensurar esse ganho de produtividade e outros indicadores agronômicos, sociais, econômicos e ambientais que garantam a segurança e a sustentabilidade dos alimentos.

 A Agro 4.0 contribuirá para elevar os índices de produtividade, da eficiência do uso de insumos, da redução de custos com mão de obra, melhorar a qualidade do trabalho e a segurança dos trabalhadores e diminuir os impactos ao meio ambiente.

 CANAVIAL –  A agricultura 4.0 poderá contribuir para solucionar a grande preocupação quanto aos recursos hídricos cada vez mais escassos?

Silvia Massruhá – Penso que os produtores que adotam a agricultura 4.0 saem na frente na busca pela otimização no uso dos recursos naturais e insumos, o que fará com que a fazenda do futuro seja massivamente monitorada e automatizada. Sensores dispersos por toda a propriedade e interligados à Internet (Internet das Coisas) gerarão dados em grande volume (Big Data) que necessitarão ser filtrados, armazenados (computação em nuvem) e analisados. Sensores de solos podem nortear a irrigação específica para cada área com o desenvolvimento de métodos e técnicas para a gestão inteligente de água em irrigação de precisão.

 CANAVIAL – E quanto o grande gargalo da agricultura nacional que é o desperdício tanto nas fases de colheita e transporte?

Silvia Massruhá – A Agro 4.0 pode ajudar a diminuir o desperdício de alimentos em toda cadeia de suprimentos, desde a pré-produção, na produção (do plantio até a colheita) e na pós-produção (no armazenamento, distribuição e logística). A força de trabalho humana não será capaz de gerenciar a quantidade de dados gerados e necessitará de algoritmos, cada vez mais aprimorados por meio de técnicas de inteligência computacional e computação cognitiva, para auxiliá-los no processo de análise. Após a análise, o ciclo é fechado por meio de comandos remotos aos tratores e implementos agrícolas que, munidos de GPS, farão intervenções pontuais apenas onde necessário para otimizar custo, produção e impacto no meio ambiente. Com o uso destas tecnologias, o produtor pode planejar melhor a produção, estimar produtividade por talhão a partir de colheitadeiras automáticas e, consequentemente, otimizar todo o processo de colheita, armazenamento, distribuição, logística e transporte.

 CANAVIAL – Existem outras vantagens que gostaria de mencionar?

Silvia Massruhá – Dentre outras vantagens desta agricultura conectada, pode-se destacar que produtores possam acompanhar remotamente de casa ou da sede da fazenda, pelo computador, tablet ou smartphone, o desempenho de suas máquinas nas lavouras por telemetria, a transmissão automática de dados via sinal de telefonia celular. Além disso, com apoio destas tecnologias o produtor, as cooperativas e o governo podem tomar decisões mais assertivas e, com isso, conseguir melhorar a produção agrícola com uso sustentável dos recursos naturais e insumos, diminuindo os custos e triplicando a produtividade no campo.

Fonte: http://www.siamig.com.br/noticias/agro-4-0-traz-solucoes-para-os-gargalos-agricolas

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19 de agosto de 2019
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