A transformação digital é questão de sobrevivência, afirma Cristina Palmaka, da SAP Brasil

A transformação digital é questão de sobrevivência, afirma Cristina Palmaka, da SAP Brasil

A transformação digital é uma questão de sobrevivência para empresas. Sem isso, elas não serão mais competitivas e perderão espaço. A leitura é de Cristina Palmaka, presidente da SAP Brasil.

Palmaka recebeu Época NEGÓCIOS para falar sobre 2018 e as perspectivas para o futuro da tecnologia e seus impactos. Apesar de não abrir números da operação local, a SAP Brasil afirma que viu seu negócios de experiência de cliente (o SAP Costumer Experience) crescer três dígitos em comparação a 2017 — um indício da maturidade do mercado brasileiro para a digitalização, afirma Palmaka. “A inovação pode vir de empresas e soluções pequenas. E o benefício virá independentemente do segmento e do tamanho”, afirma.

 

 

Veja abaixo alguns dos principais momentos da conversa.

O mercado terá espaço para quem não fizer a transição digital?
Essa transição é uma questão de sobrevivência. As empresas que não a fizerem serão pouco competitivas. Um dos benefícios da transformação digital é automação. Não para simplesmente diminuir a estrutura — a automação libera força de trabalho para se concentrar em outras formas de crescer. A indústria 4.0 também é uma questão de sobrevivência para o Brasil. Isso está em curso em todos os lugares. A SAP [uma empresa alemã] tem a vantagem da expertise da Alemanha, onde o conceito de indústria 4.0 começou. A Alemanha escolheu essa plataforma, assim como os EUA têm o Vale do Silício. A indústria 4.0 traz muita tecnologia — seja com sensorização, machine learning, inteligência artificial (IA) ou blockchain. Alguns projetos são gigantes, complexos e de longo prazo. Mas o que tentamos mostrar é que a inovação pode vir de empresas e soluções pequenas. E o benefício virá independentemente do segmento e do tamanho. A tecnologia está disponível para qualquer empresa, mas quando você vê que a liderança está com essa visão, e se abastece de talentos para ajudar nessa transformação, as coisas caminham de forma mais interessante.

A SAP e a senhora fazem um trabalho de evangelização com companhias e CEOs?
A minha agenda com CEOs é grande. Falo com conselhos de empresas, clientes ou potenciais clientes. Os presidentes me chamam e pedem que eu conte um pouco do que já tenho feito. Outro dia, disse a um CEO que não ia vender blockchain ou IA — e ele ficou chocado, perguntou se não eram soluções que a SAP oferece. Mas essa é apenas a plataforma. O que vendemos de verdade é o que é importante para o cliente, o que resolve o problema dele. A tecnologia é só uma consequência. Trabalhamos em fazer esse entendimento do que tem de ser resolvido. Às vezes, é como melhorar um processo de compra. Vou aos conselhos e levo casos reais. Mostro o que determinada indústria tem feito. As soluções não são mais tão óbvias. O concorrente não é mais aquele que as empresas estão acostumadas a olhar. A concorrência vem de qualquer lugar. Às vezes, o novo significa quase que destruir o que está sendo feito.

Neste ano devemos ter exemplos mais concretos com 5G. Como a SAP espera que a internet das coisas mude o futuro?
Tudo vai passar por dados. Tudo que acelerar a disponibilidade de dados e conectividade será fundamental. Trabalhamos forte com o agronegócio, por exemplo. Uma das grandes discussões que tínhamos com os clientes era sobre conectividade. O pessoal fala: “Legal. Você está lá no Morumbi. Mas como a solução vai funcionar no interior do Paraná, do Rio Grande do Sul?” Esse pessoal está avido e tem muita informação. Esses dados podem dar respostas como quando plantar ou onde plantar. É quase uma futurologia. Mas é preciso saber o que fazer com os dados. É preciso colocá-los em uma base que te dê bons caminhos para o que você quer perseguir. Tem de fazer a pergunta certa para saber o que realizar com aquela massa de informações. Em termos de infraestrutura, se você estiver colhendo dados da melhor forma e em tempo real, você conseguirá extrair, processar rapidamente e trazer retorno para a tomada de decisão. Esse é o caminho. O trabalho da SAP é menos do lado da infraestrutura e mais com o que fazer com as informações. Temos os projetos de data management. É pegar o arsenal de dados e ver quais benefícios podem sair dali.

Nas conversas sobre dados é difícil fugir do debate de segurança e privacidade. São informações confidenciais de empresas ou dados pessoais de usuários.
Além de ser uma empresa de tecnologia, somos uma empresa alemã — temos uma preocupação dupla nesse assunto, seguimos os preceitos europeus. A Europa é muito mais conservadora na gestão da privacidade de dados. Todos os nossos sistemas são alinhados com essas políticas. Mas também temos soluções que ajudam os clientes a trabalhar da melhor forma com os dados. Uma das aquisições que fizemos foi a Gigya [comprada em 2017 por US$ 350 milhões], que olha como trabalhar com os dados disponíveis dos clientes. É uma empresa canadense que tinha mais de 1 bilhão de perfis. Em vez de individualizado, o material é consolidado na definição de profiles.

Você despersonaliza os dados…
Exatamente. Temos essa solução que faz só isso. Ajuda especialmente em segmentos como o de varejo. Você não olha o indivíduo, mas o perfil da pessoa, o comportamento. Isso é importante. A empresa quer olhar os dados e tomar as melhores conclusões. Outro ponto com o qual a SAP trabalha é um comitê de ética e privacidade, com apoio do nosso CFO global. Esse comitê quer, justamente, aprender o que queremos, até como civilização. Podemos fazer qualquer coisa do ponto de vista da tecnologia. Podemos conectar todas informações. Mas para quem você vai disponibilizar? Como vai fazer o uso? São questões éticas que como civilização vamos ter de enfrentar.

O mundo parece ter exemplos diferentes hoje nesse assunto. A Europa fica mais rígida, com regras como o GDPR. No outro extremo, a China tem dado para todo lado e sabe-se lá para qual uso. É um momento de visões muito opostas, de definição?
Acho que o Brasil está mais na linha da Europa. Sempre temos de tratar isso com muita seriedade, o que você faz com a informação, o que é público, o que é seu. Como cidadão é preciso ter consciência disso — mas tdeterminadas pessoas. E isso traria benefícios enormes para a sociedade.ambém ser flexível. O que eu posso colocar a serviço da sociedade para que ela seja melhor? Temos parceria com a ASCO (Sociedade Americana de Clínica Oncológica). O câncer não é uma doença, são milhares. Os casos são diferentes, o remédio reage de uma forma diferente para cada pessoa. Se você tem mais informação, tem mais chances de diagnósticos certeiros e de cura. Mas esse uso dos dados não seria individualizado. Você pode usar essas informações sem ligá-las a determinada pessoa.

Fonte: https://epocanegocios.globo.com/Empresa/noticia/2019/01/transformacao-digital-e-questao-de-sobrevivencia

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5 de fevereiro de 2019
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